sábado, 28 de novembro de 2009

Yeshua Ha Mashia - Pr. Antonio Cirilo


... Me remiste, com braço estendido e mão poderosa ...


;)

domingo, 22 de novembro de 2009

Os modelos de êxito II



Sobrevivência dos mais aptos? A aptidão mais útil para abrir caminho e sobreviver, o killing instinct, o instinto assassino, é uma virtude humana quando serve para que grandes empresas façam a digestão das pequenas empresas e para que os países fortes devorem os países fracos, mas é prova de bestialidade quando um pobre diabo sem trabalho sai a buscar comida com uma faca na mão.

Os enfermos da
patologia antissocial, loucura e perigo de que cada pobre é portador, inspiraram-se nos modelos de boa saúde do êxito social. O ladrão de pátio aprende o que sabe elevando o olhar rasteiro aos cumes: estuda o exemplo dos vitoriosos e, mal ou bem, faz o que pode para lhes copiar os méritos.

Mas “os fodidos sempre serão fodidos”, como costumava dizer Dom Emílio Azcárraga, que foi amo e senhor da televisão mexicana. As possibilidades que um banqueiro que depena um banco desfrute em paz o produto de seus golpes são diretamente proporcionais às possibilidades de que um ladrão que rouba um banco vá para a prisão ou para o cemitério.


(Eduardo Galeano)

sábado, 14 de novembro de 2009

Os modelos de Êxito I



O mundo ao avesso gratifica o avesso: despresa a honestidade; castiga o trabalho; recompensa a falta de escrúpulos e alimentam o canibalismo.

Seus mestres caluniam a natureza: a injustiça, dizem, é lei natural.

Milton Friedman, um dos membros mais conceituados do corpo docente (prêmio nobel de economia), fala de uma "taxa natural de desemprego".

Por lei natural, garantem Richard Herrnstein e Charles Murray, os negros estão nos mais baixos degraus da escala social.

Para explicar o êxito de seus negócios, John Rockfeller costumava dizer que a natureza recompensa os mais aptos e castiga os inúteis.

Mais de um século depois, muitos donos do mundo continuam acreditando que Charles Darwin escreveu seus livros para lhes prenunciar a glória.

(Eduardo Galeano, "De pernas pro ar: a escola do mundo ao avesso", página 5.


Ps: aqui entra a linda frase de Forrest Gump, que diz "posso não ser inteligente, mas eu sei o que é o amor", nesse mundo dos mais aptos e dos que alcançam êxito, nesse mundo onde os pobres, desvalidos, feios e burros não existem; ou, se existem, são invisíveis, pois nós os ignoramos.

... POR AMOR ÀS CAUSAS PERDIDAS...

sábado, 7 de novembro de 2009

Encontro marcante!


Desde o mês passado que fiquei sabendo que o inigualável Eduardo Galeano estava vindo pra cá, para a FLIPORTO, que é a Feira Internacional de Literatura de Porto de Galinhas.

Há quinze dias, comprei o passaporte para o dia em que ele estaria lá, mas fiquei com receio que não desse pra eu dar uma chegada em Porto de Galinhas, em plena quinta-feira.

Pois bem, na quinta-feira foi o maior perrengue lá em Recife; a palestra ia começar as 18:30 e, quando eu consegui sair do Recife, já era 18:10. Cheguei em Porto de Galinhas e era quase 19 horas, mas, para minha alegria, ela estava começando, justamente na hora em que entrei no anfi-teatro.

Bem, a palestra foi simplesmente MARAVILHOSA! Acho que eu nem piscava o olho (hehe).

Quando ela acabou, nem esperei, já fui me levantando e indo ao encontro dele, com livro na mão para ele autografar; devo ter sido a quarta ou quinta pessoa a chegar até ele; ele foi pegando os livros das pessoas, perguntando o nome e autografando.

Quando ele falou comigo, pegando o livro, eu brinquei com ele e disse que eu era um "sentipensador"; ele, então, me perguntou meu nome (ah, o livro era um que eu tinha comprado na quinta mesmo, chamado "Palavras Andantes" e que ele fez em parceria com um pernambucano bem conhecido, o J. Borges, que faz ilustração em literaturas de cordel, com a técnica de xilogravura).

Voltando: ele perguntou meu nome e eu disse que era Jeová Júnior. Ele falou "Que belo nome que você tem!"... E completou: "E que responsabilidade, não?!" Ele, então, estendeu a mão pra mim e demo-nos as mãos... FUI O ÚNICO COM QUEM ELE AGIU ASSIM, APERTANDO A MÃO! ;)

Bem, que o significado do meu nome é lindo, eu sempre atinei isso, mas nunca ninguém tinha sido tão rápido no gatilho pra me dizer da minha responsabilidade, logo assim de "prima": carregar um nome que significa "Filho de Deus".

Jeová = Deus
Júnior = Filho de

Achei isso FANTÁSTICO!!!!

Como a noite tinha sido nada especial (hehe), fui pegar o carro, já depois da palestra, uma vez que achei melhor não esperar o coquetel, porque ficaria muito tarde pra retornar ao Recife. Foi então que me deparei com Ariano Suassuna e, ato contínuo, não perdi a oportunidade... ÓBVIO!!!

Perguntei a ele se ele se importava em dar um autógrafo junto ao do Eduardo Galeano; ele nada disse com relação a isso, mas disse "Em pé?!"

Apenas ri e entreguei o livro pra ele kkkkk

Imaginem, numa única página, ter o autógrafo do Eduardo Galeano e do Ariano Suassuna... Um expoente da literatura latino-americana, que é meu escritor preferido, e um imortal da Academia Brasileira de letras, do qual sou fã de carteirinha... Putz!!!!

Só lamentei porque não me lembrei de cantar pra o Ariano: "Ruthefor...Böh! Em redor do buraco tudo é beira!" hauhauhauhau

PS: depois, vou trascrever umas coisas faladas pelo Galeano, na palestra... Simplesmente maravilhosas!

:)

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Sucede que soy y que sigo.



AHORA me dejen tranquilo.
Ahora se acostumbren sin mí.

Yo voy a cerrar los ojos

Y sólo quiero cinco cosas,
cinco raices preferidas.

Una es el amor sin fin.

Lo segundo es ver el otoño.
No puedo ser sin que las hojas vuelen
Y vuelvan a la tierra.

Lo tercero es el grave invierno,
La lluvia que amé,
La caricia del fuego en el frío silvestre.


En cuarto lugar el verano
redondo como una sandía.

La quinta cosa son tus ojos,
Matilde mía, bienamada,
No quiero dormir sin tus ojos,
No quiero ser sin que me mires:
Yo cambio la primavera
Por que tú me sigas mirando.

Amigos, eso es cuanto quiero.
Es casi nada y casi todo.

Ahora si quieren se vayan.

He vivido tanto que un día
tendrán que olvidarme por fuerza,
borrándome de la pizarra:
mi corazón fue interminable.

Pero porque pido silencio
no crean que voy a morirme:
me pasa todo lo contrario:
sucede que voy a vivirme.

Sucede que soy y que sigo.

No será, pues, sino que adentro de mí crecerán cereales:
primero los granos que rompen la tierra para ver la luz,
pero la madre tierra es oscura: y dentro de mí soy oscuro:
soy como un pozo en cuyas aguas la noche deja sus estrellas
y sigue sola por el campo.

Se trata de que tanto he vivido
que quiero vivir otro tanto.

Nunca me sentí tan sonoro,
nunca he tenido tantos besos.

Ahora, como siempre, es temprano.
Vuela la luz con sus abejas.

Déjenme solo con el día.
Pido permiso para nacer.


Pablo Neruda (Pido Silencio)